Ter uma depressão pós-parto é como dar à luz e ficar às escuras
Por Ana Miriam Neves

A Maternidade é uma fase na vida da mulher (e mãe) recheada de mudanças, desafios e dúvidas que vão naturalmente surgindo.
Quando nasce um bebé nasce também uma mãe, que precisa de se conhecer e identificar o que sente, gerindo as suas emoções e desafios diários não só consigo própria como na sua relação com o bebé.
Uma das principais preocupações que acresce no período do pós-parto é perceber se, agregado a este “turbilhão” de mudanças e sentimentos, está presente um possível diagnóstico de depressão pós-parto (DPP).
A DPP inclui vários sinais e sintomas que tendem a surgir nas primeiras semanas após o parto e que afetam significativamente o dia-a-dia das mães e as suas relações com os bebés.
Apesar do diagnóstico de DPP só poder ser dado mediante avaliação por parte de um profissional de saúde mental, existe um
conjunto de sinais e sintomas aos quais as mães devem estar atentas e que podem indicar a presença de uma depressão pós-parto, tais como:
- Sentimentos de irritabilidade e ansiedade
- Choro fácil e tristeza prolongada (por mais de duas semanas)
- Baixa autoestima e falta de confiança
- Alterações de apetite e/ou sono
- Falta de energia, desânimo e cansaço extremo
- Sentimentos de culpa
- Falta de prazer e/ou desmotivação em realizar as tarefas do dia-a-dia
- Medo de ficar sozinha (ou apenas com o bebé)
- Dificuldade em descansar e/ou dormir mesmo quando o bebé está a dormir
- Falta de interesse e prazer nas interações com o bebé
- Ansiedade e preocupação excessivas e obsessivas com o bem-estar e estado de saúde do bebé
- Sensação de falhanço, inutilidade e incompetência enquanto mãe
- Pensamentos de desesperança, autodestruição e intrusivos de fazer mal ao bebé
É também de salientar que são vários os fatores/causas que podem conduzir a um diagnóstico de DPP, tais como:
- já ter sido diagnosticada anteriormente com depressão;
- não planeamento da gravidez/gravidez indesejada;
- ansiedade durante a gravidez;
- falta de suporte familiar e/ou social;
- violência doméstica; entre outros.
Porém, as mães não têm de passar por isto sozinhas! A DPP pode vencer-se com várias terapêuticas, que devem ser sempre adaptadas às necessidades de cada mãe/família, tais como:
- Acompanhamento psicológico/psicoterapêutico – é a principal chave para o auto conhecimento e onde as mães se podem sentir acolhidas, sem qualquer julgamento;
- Suporte familiar, de amigos e/ou pessoas próximas – a rede de apoio é muito importante para que as mães possam sentir-se amparadas e que não estão sozinhas;
- Alimentação adaptada às necessidades – os alimentos consumidos diariamente também podem ajudar a combater os sintomas da depressão e melhorar a sensação de bem-estar, tais como: banana, abacate, nozes, chocolate, laranja, feijão, legumes, ovos, etc.
- Prática regular de exercício físico – todos sabemos a importância de nos exercitarmos, não só para o bem-estar físico como mental; quer seja uma caminhada ou um treino adaptado às necessidades da mãe no pós-parto, o que importa é movimentar o corpo, incluindo o exercício físico na rotina
semanal (DICA EXTRA: Levar o bebé a passear no carrinho, não só o distrai e tranquiliza, como permite à mãe estar a caminhar, exercitando-se num todo).
Nunca se esqueça: só pode estar bem com o seu bebé se estiver primeiramente bem consigo! Colocar-se em primeiro lugar não é um ato de egoísmo, mas sim de AMOR PRÓPRIO!
ANA MIRIAM NEVES
Licenciada e Mestre em Psicologia e Psicóloga Clínica e da Saúde, Ana Miriam Neves considera-se uma “pessoa de pessoas”, apaixonada pela mente e comportamento humano. Foi durante o seu percurso académico, após a realização de um estágio extracurricular num Centro de Gravidez e Pós-parto, que sentiu que a sua missão seria perto das mães (e dos seus bebés), empoderando-as e guiando-as na desafiante (mas bonita) Jornada da Maternidade.
A sua área de interesse, e onde tem vindo a investir e focar a sua formação e intervenção, insere-se no acompanhamento psicológico na Gravidez e Maternidade, dando as ferramentas necessárias para que as mães e mulheres possam autoconhecer-se e transformarem as suas vivências da Maternidade, sentindo-as com maior leveza, mais autoestima e menos culpa.
Poderá encontrar a Miriam na rede social Instagram (@anamiriamneves_psicologa) onde partilha conteúdos de psicoeducação
direccionados para as mães, ajudando-as a gerirem os desafios diários da Maternidade (especialmente no pós-parto) e a elevarem a sua autoestima.